quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Desenlace

Percebi que há algum tempo os dias estavam cinzentos, mas sempre tinha a esperança do sol voltar no amanhã seguinte. Porém, numa determinada hora de um determinado dia, ele se arrumou, me olhou nos olhos e disse:
-Vou comprar cigarros.
As horas passaram, o dia acabou. Outro dia nasceu e depois outro e depois outro e depois outro... E ele não mais voltou para casa. Será que aconteceu alguma coisa séria com ele? Será que ele sofreu um acidente? Será que o raptaram? Será que ele morreu? Foram semanas de angústia e busca.
Quando num dia qualquer o vi em um restaurante acompanhado por uma mulher. Eles eram um casal e pareciam felizes. E só naquele instante eu percebi que quando ele saiu de casa para “comprar cigarros” foi para recomeçar uma nova vida. Me entristeço em saber que ele não teve a hombridade de olhar nos meus olhos e dizer:
-Nossa relação chegou ao fim.
Ele preferiu se esconder atrás de uma desculpa qualquer, me deixando angustiada a toa. Após cair em mim, me esvai em lágrimas. Foram dias terríveis, tantos que nem sei especificar quantos. O que mais me doía era saber que para ele, eu não mereço nem um adeus respeitoso.
Sim, o fim de qualquer relação é sempre sofrido, mas minha dor maior é saber que o homem que tanto amei não respeitou nada do que vivemos juntos.
Hoje, meu sofrimento não está mais estampado no meu rosto como outrora, mas como disse a poetisa Florbela Espanca em um dos seus poemas: “As lágrimas que choro, branca e calma,/ Ninguém as vê brotar dentro da alma!/ Ninguém as vê cair dentro de mim!”

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