- Em primeiro lugar, você acredita em Deus?
- Sim, acredito. Acho que nada existe por acaso neste nosso Universo infinito.
- E você já pensou no que acontece com as pessoas após a morte do corpo físico?
- Bem... Sempre achei que não temos condições de saber o que acontece e, na verdade, a vida atribulada que levamos no nosso dia a dia não nos dá muito tempo para ficarmos pensando sobre isso. Mas, em princípio, acho que quem for mau, será punido e quem for bom, será premiado, de alguma forma. Pelo menos, foi assim que sempre aprendi com meus pais e nas aulas de religião que tive, quando criança, na Igreja que freqüentava.
- Você acha, então, que os bons irão para o Céu e os maus para o Inferno?
- Sim. Mais ou menos isso.
- Você acha que o Céu é lugar de felicidade, Roberto?
- Sim. Eu acho.
- E que no Céu só podem está os bons?
- Sim.
- Você acha que os bons seriam felizes sabendo que outros Espíritos estariam sofrendo, eternamente, no Inferno, sem poder ajudá-los ou seriam, realmente, bons se pudessem auxiliá-los?
A partir daquele momento, comecei a perceber alguma ponte de lógica no que aquela senhora estava falando.
Explicou-me que àqueles que erram, que cometem o mal, é dada a oportunidade de resgatar o que fizeram numa outra encarnação. –Quer dizer que reencarnamos? – perguntei a ela. E a mulher respondeu-me afirmativamente, com a maior convicção. Perguntou-me, então, como poderia ser explicado o fato de algumas pessoas nascerem em berço de ouro e outras sem nem terem um teto. Outras tantas que, apesar de paupérrimas, são criaturas tão bondosas e outras que, abastadas, são tão cruéis? Por que toda essa diferença, tornou a perguntar-me. E com respeito aos doentes, aos aleijados, às crianças que morrem em tenra idade? Seria Deus justo, permitindo tanta diferenciação entre seus filhos? Uns felizes, outros infelizes. Um bebê ao desencarnar iria para o Céu sem ter tido tempo suficiente para definir-se como bom ou mau? Não seria uma injustiça?
Em pouco tempo, dona Laura foi criando pontos de interrogação tão fortes em minha mente sobre coisas e fatos que eu nunca havia imaginado. Porém, com a mesma velocidade, começo a elucidá-los, um a um.
- Por isso, Roberto, somente o Espiritismo, com a reencarnação, pode dar explicação lógica para todos esses fatos tão inerentes à realidade do ser humano. Vou tentar explicar-lhe, em poucas palavras, o que vem a ser reencarnação, apesar de que, como já lhe disse, é preciso estudar bastante para conhecer os inúmeros detalhes que podem ocorrer no mundo espiritual. Preste atenção: O Espírito é criado por Deus, simples e ignorante, com a missão de depurar-se na prática do bem para poder elevar-se até planos mais altos, haja visto que a Terra é apenas um dos planos de vida do universo. Porém, o Espírito possui o livre arbítrio para fazer o Bem ou o mal. No caso deste nosso planeta, o Espírito reencarna muitíssimas vezes até se elevar, moralmente, no Bem. Se ele erra numa encarnação, lhe é dada uma nova oportunidade de aqui retornar para reparar o erro e ajustar-se junto àqueles mesmos Espíritos encarnados que ele possa ter prejudicado.
- Quer dizer que já vivemos outras encarnações?
- Pode ter certeza que sim.
- E como não nos lembramos?
- Não nos lembramos por única e exclusiva bondade de Deus, para que não vacilemos em nos modificar ante aqueles que também reencarnaram em nosso círculo de relacionamento.. E, nada mais justo que o Espírito que erra, reencarne em situação idêntica àquela por ele provocada para que, pela experiência, pela dor, repare o mal que, talvez, tenha cometido.
- Mas todos reencarnam para reparar algum mal?
- Nem todos. Muitos já são mais evoluídos e aqui vêm ter para ensinar alguma coisa aos outros, seja por palavras, seja por exemplos edificantes ou, simplesmente, para ajudar algum outro Espírito com o qual tenha afinidade. Somente a reencarnação pode explicar, por exemplo, as diferenças entre irmãos consaguíneos, que tiveram a mesma educação, o mesmo carinho e exemplos que são tão diferentes moralmente.
FRUNGILO JÚNIOR, Wilson. ALA DEZOITO. 5 ed. – Araras: Instituto de Difusão Espírita, 1995, p. 155-158.
*Livro excelente, vale a pena ler!*
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